"Não há ninguém como Madiba, ele era único"

Depois de ter sido apupado à chegada ao estádio onde decorriam as cerimónias fúnebres de Mandela, o Presidente sul-africano Jacob Zuma discursou em 11 línguas e recordou como o primeiro presidente negro do país lançou as bases para "uma vida melhor para todos".
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Discursando no estádio FNB de Joanesburgo, onde decorrem as cerimónias fúnebres do falecido antigo chefe de Estado Nelson Mandela, Zuma afirmou: "Não há ninguém como Madiba, ele era único". Enquanto o Presidente lia as muitas páginas do seu discurso, o estádio Soccer City ia-se esvaziando. Além da chuva e do atraso nos transportes, o facto de esta data não ter sido declarada feriado fez com que houvesse muitos lugares vazios durante a cerimónia.

Pouco antes, o presidente cubano Raúl Castro lembrou que Mandela considerava que "o povo cubano ocupa[va] um lugar especial no coração do povo africano". "Quando nos deu a honra da sua visita, a 26 de julho de 1991, Mandela disse que o povo cubano ocupava um lugar especial no coração do povo de África", disse Raúl Castro durante a sua intervenção nas cerimónias fúnebres do antigo presidente sul-africano. "Cuba, um país nascido da revolução, tem sangue africano nas veias", vincou o chefe de Estado, que sucedeu ao irmão Fidel Castro na liderança de Cuba.

Dilma Rousseff destacou o "combate de Mandela e do povo sul-africano" e afirmou que este se tornou um "paradigma para todos os que lutam pela justiça, liberdade e igualdade".

A Presidente do Brasil saudou a forma como o herói da luta contra o apartheid foi uma "inspiração" para homens e mulheres e como deu lições para "a paz no mundo e a justiça social"."Viva Mandela para sempre!", rematou Dilma.

Antes de Dilma, Barack Obama afirmou que as ideias "não podem ser contidas pelas paredes de uma prisão ou extintas pela bala de um sniper".

O Presidente, que sempre considerou Mandela como uma inspiração, sublinhou que foi por este admitir as suas imperfeições "que o amávamos tanto". O primeiro Presidente negro dos Estados Unidos elogiou o primeiro presidente negro da África do Sul saudou a Constituição da África do Sul por proteger os direitos das minorias mas também os da maioria.

Obama admitiu que é sempre difícil fazer o elogio de qualquer homem, mas "é ainda mais difícil fazer o elogio de um gigante da História que conduziu uma Nação à justiça"

No seu discurso, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, afirmou que "Mandela odiva o ódio e não as pessoas, demonstrando uma enorme capacidade de perdoar".

Ban Ki-moon adiantou ainda que "o mundo perdeu um mentor".

A altura em que o presidente norte-americano, Barack Obama entrou no estádio foi assinalada com uma enorme ovação por parte das milhares de pessoas que assistem à cerimónia.

O Presidente sul-africano, Jacob Zuma, foi hoje vaiado quando entrou no estádio FNB de Joanesburgo, antigo Soccer City.

Enquanto alguns setores do estádio aplaudiam o chefe de Estado sul-africano e líder do partido ANC, uma grande vaia vinda das bancadas onde se encontram populares ativistas contra o poder surpreendeu os presentes no estádio.

Jacob Zuma voltou a ser vaiado mais tarde, quando o mestre-de-cerimónias o apresentou e o seu retrato surgiu nos écrans gigantes do estádio.

Os presentes dedicaram uma prolongada salva de palmas a Winnie Mandela, ex-mulher do histórico líder sul-africano, mas não dispensaram o mesmo tratamento à viúva, Graça Machel, saudada moderadamente.

Frederik de Klerk, o Presidente sul-africano que terminou o regime de "apartheid", a política de segregação racial da África do Sul, não suscitou qualquer reação por parte dos presentes quando foi apresentado ao público e o seu retrato exibido.

Também em Joanesburgo, o presidente da Comissão Europeia comentou que a grande emoção "em África, Europa e todo o mundo pela morte de Madiba é um testemunho da sua influência no globo". José Manuel Durão Barroso, que representa o executivo comunitário nas cerimónias no Soweto, disse ainda ser "com grande emoção" que se encontra na África do Sul, para homenagear Mandela, "um símbolo global de paz e reconciliação", de acordo com uma declaração divulgada em Bruxelas.

A cerimónia religiosa em memória do falecido ex-Presidente sul-africano começou com o hino nacional sul-africano, com a multidão a enfrentar a chuva para prestar homenagem ao herói da luta contra o apartheid.

"Nkosi sikelei' Afrika", que Deus abençoe África. Foi com estas palavras que começou a cerimónia de homenagem a ex-presidente, falecido na quinta-feira. O primeiro discurso ficou a cargo do vice-presidente do Congresso sul-africano.

Representantes das religiãos judaica, hindu, muçulmana e cristã foram sucessivamente ouvidos por dezenas de milhares de pessoas que enchem o estádio Cidade do Futebol, no Soweto, em Joanesburgo.

Depois, foi entoada uma oração pela alma de Mandela, à qual o público respondeu com cânticos e palmas, num momento muito emotivo.

Graça Machel chegou visivelmente emocionada ao estádio de Soweto. A moçambicana estava acompanhada por um grupo de mulheres, vestidas de negro, e vários guarda-costas, cerca das 10:30 (hora local).

Pouco depois foi a vez de Winnie Mandela, a segunda mulher de Mandela, chegar ao Soccer City, seguida alguns minutos depois do atual chefe do Estado sul-africano, Jacob Zuma.

Milhares de pessoas já se encontram no estádio em Joanesburgo, onde decorre o memorial de Estado ao falecido antigo Presidente Nelson Mandela e onde o ambiente é de celebração. Com capacidade para 90 mil pessoas, o estádio não está, contudo, cheio. Segundo o diário britânico The Guardian, um atraso nos comboios terá impedido muitas pessoas de chegarem a horas à cerimónia.

Muitos levantaram-se de madrugada, enfrentaram a chuva torrencial e apanharam os transportes públicos até ao estádio para assistir à cerimónia.

Os milhares de espetadores no estádio deram ao secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, uma ovação quando chegou ao estádio, desculpando mesmo o atraso de quase meia hora.

O secretário-geral da ONU, debaixo de um enorme chapéu de chuva, desfilou frente às grades, saudando com um sorriso os milhares de sul-africanos que assistem à cerimónia, em que vão discursar, entre outros, os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, brasileira, Dilma Rousseff, e cubano, Raúl Castro.

Entre os convidados presentes na cerimónia, o mundo lusófono estará representado pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, pela Presidente do Brasil, pelo vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, e pelo chefe de Estado moçambicano, Armando Guebuza.

A África do Sul pretende oferecer ao seu símbolo máximo funerais à medida da sua estatura. Além do estádio Soccer City, três outros estádios de Joanesburgo vão ser abertos à população para a transmissão da cerimónia num ecrã gigante, estando ainda previstos 150 locais de transmissão dispersos por todo o território do imenso país da África austral.

O parlamento sul-africano reuniu-se em sessão extraordinária na cidade do Cabo para homenagear o homem que negociou o fim do regime segregacionista com a liderança branca e evitou uma guerra civil.

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